Chegou a hora de voltar os olhos para a capital do design. De 18 a 23 de abril, a cidade da Lombardia sedia a Semana de Design de Milão, da qual faz parte o I Saloni – Salão do Móvel de Milão. Há também os conhecidos eventos paralelos, como a plataforma Alcova e o SaloneSattelite, dedicados a novos talentos e criativos emergentes, além de um sem número de exposições, instalações e outras exibições artístico-culturais pela cidade – da Via Tortona a Brera. Sem contar os circuitos, como o FuoriSalone. Ufa!
Criado nos anos 1960 para promover o mobiliário desenvolvido na Itália, I Saloni tornou-se o maior evento dedicado ao design no mundo. Entre as marcas que se espalham pelos pavilhões, estão Living Divani, Gebrüder Tonet Vienna, Porro, Nanimarquina, Tacchini e muito mais. Mais que exibir lançamentos, a feira orienta as tendências anuais do mercado de design para mobiliário e organiza o calendário das grandes marcas, que reservam suas maiores novidades para o evento.
Em sua 61ª edição, Maria Porro, presidente do Salão, aponta que o novo layout da feira, desenvolvido por uma equipe liderada pelo arquiteto Beppe Finessi, deseja criar conexões. A ideia é trazer multidisciplinariedade, diversidade e movimento ao Salão, que olha para o futuro – inclusive o seu próprio –, se volta para a cultura do design e para um lugar mais sustentável.
Este ano, também está de volta a Euroluce, feira bienal dedicada à iluminação que teve um hiato de quatro anos. “A iluminação atualmente não consiste apenas em objetos iluminados ou corpos de luz, é tecnologia, envolvendo arquitetura e interação. Queremos narrar tudo isso através de uma abordagem interdisciplinar. Haverá muito design, principalmente o produzido pelas empresas, mas também ciência, arte, design gráfico, fotografia, literatura e arquitetura. Todas as diferentes facetas do que se entende por design, basicamente”, define Maria.
Entre inúmeras atividades super interessantes, como saber onde estão as novidades imperdíveis e se orientar no Rho? A DW! escolheu 5 must see do I Saloni para compartilhar com você.
Euroluce
A Euroluce não era realizada há quatro anos e, não por acaso, foi aguardada com ansiedade nesta edição. A proposta é de uma volta iluminada em vários sentidos. Dentro do Salão, em Rho, quatro pavilhões (9, 11, 13 e 15) serão dedicados à 31ª edição da feira – também conhecida como International Lighting Exhibition – este ano, pensada como uma “cidade das luzes”.
A atração principal é a praça estruturada pelo estúdio Formafantasma sob o nome Aurore. O espaço é uma arena central dedicada aos debates, leituras e reflexões, que deseja fazer da Euroluce um “hub de emoções e conhecimento”. Ali e na extensão dos corredores, a expografia do Formafantasma organiza as obras de Constellations, com curadoria de Beppe Finessi, em estruturas circulares feitas de papel e madeira. Vale a pena o olhar atento para elas, que são pensadas para serem facilmente recicladas.
Como de costume, marcas famosas do mundo da iluminação – seja residencial, pública ou comercial – têm lugar na Euroluce. São mais de 300 empresas (45% são de fora da Itália) dispostas em uma estrutura que, nesta edição, não buscou os estandes como base, mas a experiência do visitante. Nas ruas desenhadas pelo estúdio milanês Lombardini22, são vistos nomes que dispensam maiores apresentações, como Artemide, Flos, Foscarini, Ingo Maurer GmbH, Santa & Cole e Tom Dixon, apresentando seus lançamentos.
A nuvem da Lasvit
Ainda na Euroluce, a tcheca Lasvit deve chamar a atenção de quem passa (no pavilhão 15, estande 212). O designer Maxim Velčovský desenvolveu uma instalação de grandes proporções, onde uma nuvem de vidro suspensa representa a conexão entre a humanidade e a natureza que nos transcende, bem ao gosto da proposta deste Saloni, bem como mistérios e fascínios, além de conectividade tecnológica. A marca promove luminárias assinadas pelos Irmãos Campana, David Rockwell e Yabu Pushelberg.
SaloneSattelite
Em parte dos pavilhões 13 e 15, junto a Euroluce, está o lugar que os designers emergentes (até 35 anos) podem chamar de seu no Salão do Móvel de Milão: o SaloneSattelite. A segmentação oferece, como premissa, uma oportunidade para o intercâmbio entre novos criativos e o mercado. Nesta edição, a 25ª do Sattelite, a pergunta proposta para as escolas de design é “Design: Dove Vai?” (ou, em tradução livre, Para onde o design está indo?). As diversas respostas vêm através de instalações e outros projetos.
Estão marcadas, ainda, palestras, talks, mesas de discussão e a exposição “Sate…. Light. 1998-2022 – SaloneSatellite Young Designers” em que participantes das 24 edições anteriores trazem suas luminárias e criam uma interconexão entre a Euroluce e a Sattelite.
Objetos, tableware e mais
Também dentro do I Saloni, o International Furnishing Accessories Exhibition – Salão Internacional de Acessórios de Decoração é uma viagem à parte. Lançado em 1989, este segmento da feira surge frente à crescente demanda por itens de decoração e, hoje, é o mais expressivo evento do setor no mundo. Objetos, utensílios e têxteis são apenas alguns recortes do que é visto nesta parte do evento.
Entre os nomes que expõem nos pavilhões dedicados aos “detalhes” do décor, o destaque entre as mesas postas vai para dois medalhões do luxo: a centenária portuguesa Vista Alegre e a italiana Villari. Esta última é a mais jovem (com 55 anos de história) e explora o tema Jungle Mood. Também vale a pena olhar os estandes de marcas de moda que incluíram o décor em seus lifestyles, como Roberto Cavalli Home e Missoni Home Collection – e não se esqueça de passar pela marca de design em vidro Ichendorf Milano.
Design 360º
Depois de percorrer um sem número de estandes, tirar muitas fotos e apreciar os lançamentos no Salão principal, que tal uma passadinha no S.Project? Com uma orientação multissensorial que visa uma perspectiva em 360 graus sobre arquitetura de interiores, o S.Project responde às mais recentes demandas do mercado com uma seleção de produtos e técnicas aplicadas ao design de interiores.
Este segmento do Salão do Móvel de Milão está em sinergia com as demais sessões da feira e oferece ao público soluções aplicadas. E também observa o espaço e sua organização sob a ótica de uma evolução constante, além das narrativas em redor da decoração.
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